Slhueta de costas, mostrando longas pernas, calçando sapatos de salto, ao lado de uma placa onde se lê "Mar Doce Lar"

Saí em uma matéria de revista e agora?

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Como me senti…

“Tia Mar, você saiu na revista, não é?”

É, padawan, já tem umas semanas. Eu e duas outras pessoas não binárias fomos personagens de uma matéria sobre Não Binaridade na Revista Época no. 1063

“Tá famosa!”

Todo mundo diz isso. Mas ninguém me reconheceu e me parou na rua. Só tive retorno de quem já me conhece…

“Hummm. Mas você gostou?”

Foi uma das melhores matérias sobre pessoas não binárias que li nos últimos tempos, produzida no Brasil.

É perfeita? Não, mas isso nem existe. Tem diversidade etária e geracional, diversidade de expressão de cada uma das personagens — inclusive uma decisão perfeita das autoras de usar os pronomes preferenciais de cada personagem em sua história — e quase todas as informações dadas são bem corretas.

Em minha própria história, há algumas incorreções com datas, mas a ordem cronológica e minha narrativa em si estão totalmente corretas. Houve cuidado no trabalho jornalístico de Julia Amin e Natália Boere.

“E como você está se sentindo?”

Olha, enquanto esperava que fosse publicada, eu senti uma vez ou outra, certa ansiedade. Todo mundo conhece alguém que teve alguma fala fora de contexto, ou algo assim. Mas, ao ter a revista em mãos, ler a matéria, me reconhecer, relaxei…

A visibilidade e representatividade da não binaridade de gênero é que são importantes. Por isso aceitei quando um contato comum entre eu e as autoras da matéria pediu para me indicar.

Além do mais, era para ser entrevistada para uma publicação escrita. Tremeria nas bases se fosse vídeo, TV.

“Sério? Mas você já ministrou aulas… Para adolescentes!”

Pois é, e eu adorava! Mas tenho problemas com câmera.
Problemas de autoimagem, na verdade…
Até mesmo colocar essa foto minha aí em cima, foi difícil.

Isso não quer dizer que não participaria de algum evento que fosse gravado, programa de TV, canal de YouTube, etc…

Mas esses convites ainda não foram feitos, me preocuparei com minhas questões se/quando chegar a hora.

Resumindo, padawan, foi uma experiência tranquila. Compartilhei o quanto pude em minhas redes a versão digital da matéria, e espero que tenha alcançado pessoas que a aproveitem…


Esse texto não pretende fazer uma crítica à matéria da Revista Época.
É tão somente uma pequena expressão de como me senti e me sinto, uma constatação de qualidade, e um agradecimento às autoras, em especial à Natália, que teve mais contato comigo.

E também um agradecimento a Fábio Guimarães, o fotógrafo que concebeu e clicou o momento que ilustra esse texto (a foto aqui foi formatada por mim, mas a original está na matéria, cujo link está no inicio do texto).